Esta obra pretende descrever o processo que conduziu à "revolução romântica dos cemitérios" em Portugal e à transformação da necrópole num espaço público e afectivo, onde se passou a dramatizar e a delir a tensão entre a finitude humana e os sonhos (utópicos e ucrónicos) de sua superação; e, também, mostrar como é que, deste jogo simulador da vida e dissimulador da prova ontológica da morte - o cadáver -, nasceu a cenografia simbolicamente adequada ao crescimento do papel de uma instância julgadora que, em coabitação ou em alternativa com a escatologia judaico-cristã, se foi impondo, cada vez mais, como um novo além: a memória dos vivos.